segunda-feira, 12 de outubro de 2015

SEJA MAIS HUMANO E AGRADÁVEL


 
Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros.

Seja mais humano e agradável com as pessoas. 

Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha.
- Viva com simplicidade.
- Ame generosamente.
- Cuide-se intensamente.
- Fale com gentileza.
- E, principalmente, NÃO RECLAME!
 



domingo, 11 de outubro de 2015

quarta-feira, 8 de julho de 2015

DESCONSTRUÇÃO DO POEMA: "MEU CORAÇÃO DISPARARÁ" de FERNANDA FERRAZ

                             DESCONSTRUÇÃO DO POEMA DE FERNANDA  FERRAZ
                                                     "MEU CORAÇÃO DISPARARÁ"
                       
 O poema “Meu coração disparará!” demonstra o desabafo do “eu lírico” em querer sair pelo mundo em busca da pureza e beleza da vida e de vivê-la intensamente.

Inicio o mesmo demonstrando que  ele sente-se confuso, imóvel, apesar de certo das conclusões que deva tomar.


O personagem  sente-se em conflito constante consigo mesmo, como se ora parece estar seguro, ora não. Ora certo de que deve partir, ora acreditando que deva ficar.

Afirma que já foi um castelo protegido por muro como uma fortaleza e não se sente agora da mesma forma.

Não vê clareza e sentido nas coisas ao seu redor.  A razão está imperfeita, ou seja, perdida. Não há razão para seu coração.


Por isso almeja “disparar”. Sair em “cavalgada”.


Afinal, afirma que o coração está disponível apesar de tantos conflitos. Quer viver e “pulsar”.


Nosso coração pulsa a toda hora e por isso  a metáfora principal seja ele, pois para sentir a energia da vida e vive-la é preciso pulsar, que literalmente significa a ação dos batimentos cardíacos.


Nós  sentimentos o melhor da vida quando estamos em paz com o coração. Amando, principalmente.


No meio do poema, o “eu lírico” conclui que deseja iniciar um novo ciclo em sua vida, conhecer algo que o faz “queimar” por dentro e sentir-se vivo. Imagina que isso possa ser possível em algum lugar.

O poema abusa de metáforas e uma antítese como construção linguística que denotam as reflexões do personagem.

O retrato da claustrofobia de sua alma e os desejos de mudanças que quer iniciar.

As metáforas usadas dão o sentido ao poema:


O coração disparando – na verdade somos nós e não o coração, que aqui representa o ser humano, que busca disparar;


“Contornos em selva” – a selva é um local de grande quantidade de coisas emaranhadas. No poema o personagem está cercado e por isso contornos embaralhados e misturados;


“Meu coração disponível disparará” – o "eu lírico" irá buscar e enfrentar a vida em busca dos seus sonhos;

“Sairá em cavalgada ao luar” - não que ele irá literalmente a cavalo e sim no sentido metafórico irá  buscar de forma rápida o que deseja;

“Queimará em desejar” – O desejo verdadeiro. Esse que faz o corpo sentir de fato como se estivesse queimando por dentro;

                           

“Desconhecido azul em que há em algum lugar” – a cor azul empregada aqui não faz referência ao mar e sim a uma expressão muita usada na linguagem popular para afirmar que tudo está bem. O “eu lírico” imagina que esse bem exista em algum lugar;

“...o vento em brisa leve que irá mostrar” – não é o vento que mostra o caminho, mas a metáfora que ele denota significa que com força iremos encontrar o caminho.


A única antítese presente está logo na primeira estrofe: “Meu coração disponível, ilhado...” Pura contradição.

Apesar de disponível sente-se ilhado.
No dicionário a palavra disponível significa livre e desimpedido ao passo que ilhado é cercado e isolado.



A grande reflexão do poema é transmitir a ideia de que mesmo aprisionado em si, em conflito, confuso e só, todos podem mudar sua vida, buscar o que deseja, sentir seu coração pulsar de verdade, afinal ele é seu e é disponível para você.  Acredite, lute, liberte-se da sua própria alma.  Permita que ela seja livre.


Saia em “cavalgada”. “Dispare” sempre.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

AS ABELHAS NÃO PODEM DESAPARECER DA FACE DA TERRA

Se as abelhas desaparecerem da face da terra,
 a humanidade terá apenas mais quatro anos
 de existência. Sem abelhas não há polinização
, não há reprodução da flora, sem flora não há
 animais, sem animais não haverá raça humana."
 (Albert Einstein)

domingo, 28 de junho de 2015

DIA DO PAPA 29 DE JUNHO

01/01 - DIA DO PAPA   29 DE JUNHO

Dia do papa: papa Francisco
No dia 29 de junho, a Igreja celebra a festa de São Pedro, o apóstolo que Jesus escolheu para ser o chefe dos apóstolos, como se lê não só no Evangelho de São Mateus (16, 18), mas também em São João (21, 16-18).

Através da imagem das chaves Cristo prometeu-lhe a chefia da Igreja e entregou-lhe o rebanho todo. Por ser a festa de São Pedro, é o dia do papa, que é seu sucessor.

O poder do Papa na Igreja não é de um soberano absoluto, cujo querer é lei. Mas sua missão é por-se a serviço da Palavra de Deus e fazer que esta palavra de Deus esteja no coração de todos. É pois Ele que ilumina os passos da humanidade e aponta os caminhos da nova evangelização, em nome de Jesus Cristo.

Por ser criatura humana, carrega em si, não obstante a grandeza de seu cargo e de sua missão, as qualidades e limitações da natureza humana. Daí as diferenças pessoais dos Papas. Os que tem fé, sabem ver nos Papas, que a história retrata, tanto a autoridade suprema em nome de Jesus, como as diferenças pessoais de cultura, de psicologia, de origem e de formação.

Papa emérito Bento XVI

O papa emérito Bento XVI, desde 28 de fevereiro de 2013, anunciou em 11 de fevereiro que havia decidido renunciar.

Ele foi o primeiro pontífice a renunciar em mais de seis séculos, o que criou situações praticamente inéditas para a Igreja Católica Apostólica Romana.
É doutor em teologia. Sua tese de doutorado foi sobre a teologia de Santo Agostinho.

Além do preparo intelectual no campo da teologia, Bento XVI é “expert” na arte musical. Pianista, levou para seus aposentos o piano, que possuia quando cardeal. Isto se deve ao ambiente musical de seu lar e da sua família. Hoje, nas poucas horas vagas do seu dia, consegue deslisar os dedos ágeis na sonora brancura do teclado. E sua preferência é por Mozart. Ele mesmo recorda que, “na sua paróquia de origem, quando nos dias de festa, tocavam uma Missa de Mozart, para mim era como se estivessem abertos os céus”.

Homem muito discreto, vive no silêncio, de modo que pouco ou quase nada se sabe de sua vida pessoal. Apenas, por indiscrição de um cardeal, com quem almoçava às vezes, antes de ser papa, sabe-se que aprecia doce e chocolate. Sem dúvida um bom gosto...

Papa Francisco

O argentino Jorge Mario Bergoglio, de 77 anos, agora Papa Francisco, nasceu em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936. Arcebispo de Buenos Aires, ele é um homem tímido e de poucas palavras, mas com grande prestígio entre seus seguidores, que apreciam sua total disponibilidade e seu estilo de vida sem ostentação. É reconhecido por seus dotes intelectuais e considerado dialogante e moderado.

Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se técnico químico. Escolheu depois o sacerdócio, quase uma década após ter retirado parte de um pulmão por conta de uma doença respiratória e de deixar seus estudos de química, ingressando em um seminário no bairro de Villa Devoto. Em março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, congregação religiosa dos jesuítas, fundada no século XVI.

Em 1963, Bergoglio estudou humanidades no Chile, retornando à Argentina no ano seguinte. Entre 1964 e 1965, foi professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé. Em 1966, ensinou as mesmas matérias em um colégio de Buenos Aires.

Entre 1967 e 1970, Bergoglio estudou teologia, tendo sido ordenado sacerdote no dia 13 de dezembro de 1969.

Em menos de quatro anos chegou a liderar a congregação jesuíta local, um cargo que exerceu de 1973 a 1979.

Foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, entre 1980 e 1986, e, depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba.

Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Em 1997, tornou-se arcebispo titular de Buenos Aires. Atuou como presidente da Conferência Episcopal da Argentina, de 2005 até 2011.

Foi nomeado cardeal pelo então Papa João Paulo II, em 2001.

Também em 2001, João Paulo II o nomeou primaz da Argentina. Ele ocupou então a presidência da Conferência Episcopal durante dois períodos, até que deixou o posto porque os estatutos o impediam de continuar.

Bergoglio foi, na Santa Sé, membro da Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos; da Congregação para o Clero; da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família e a Pontifícia Comissão para a América Latina.

Filho de uma família de classe média com cinco filhos, de pai ferroviário e mãe dona de casa, o novo Papa é pouco inclinado a aceitar convites particulares e tem um "pensamento tático", de acordo com especialistas.

Polêmica na ditadura

A ascensão religiosa de Jorge Mario Bergoglio coincidiu com um dos períodos mais obscuros da Argentina: a ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1982. Ele foi acusado de retirar proteção de sua ordem a dois jesuítas que foram sequestrados clandestinamente pelo governo militar por fazerem trabalho social em bairros de extrema pobreza. Ambos os padres sobreviveram a uma prisão de cinco meses.

O caso é relatado no livro "Silêncio", do jornalista Horacio Verbitsky, também presidente da entidade privada defensora dos direitos humanos CELS. A publicação leva em conta muitas manifestações de Orlando Yorio, um dos jesuítas sequestrados, antes de morrer por causas naturais em 2000.

"A história o condena: o mostra como alguém contrário a todas as experiências inovadoras da Igreja e, sobretudo, na época da ditadura, o mostra muito próximo do poder militar", disse há algum tempo o sociólogo Fortunato Mallimacci, ex-decano da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.

Os defensores de Bergoglio dizem que não há provas contra ele e que, pelo contrário, o novo Papa ajudou muitos a escapar das Forças Armadas durante os anos de chumbo no seu país.

Preocupação social

Políticos argentinos foram repetidamente alvo da retórica afiada do sacerdote, acusados por ele de não combater a pobreza e preocuparem-se apenas em seguir no poder.

Conhecido por sua simplicidade, Bergoglio vivia sozinho, em um apartamento, no segundo andar do edifício da Cúria, ao lado da Catedral de Buenos Aires, no coração da cidade. A imprensa local lembra hoje que, da janela de seu apartamento, foi testemunha da violência na Praça de Maio durante a crise de dezembro de 2001.

Indignado, ligou para o ministro do Interior para lhe pedir que desse instruções para que os agentes diferenciassem entre ativistas e correntistas que reivindicavam seus direitos.

Em 2004, após a tragédia da boate Cromagnon, percorreu os hospitais da cidade para ajudar as famílias das vítimas .

Pouco amigo de aparições na imprensa, Bergoglio tentou manter um baixo perfil público, costuma usar transporte público e inclusive se confessa na Catedral. Ele foi dos poucos cardeais que, quando chegou a Roma para a eleição do novo papa, não usou veículos oficiais.

O novo papa é um amante dos autores clássicos, gosta de tango e não esconde sua paixão pelo futebol, especialmente pelo San Lorenzo de Almagro – tem uma camisa assinada pelo elenco

'Destruição do plano de Deus'

Em 2010, ele também enfrentou a presidente Cristina Kirchner quando o governo apoiou uma lei para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Não vamos ser ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é uma tentativa de destruição do plano de Deus", disse Bergoglio em carta, dias antes de o projeto ser aprovado pelo Congresso.

Anúncio

O conclave elegeu na quarta-feira (13/03/2013) o cardeal Jorge Mario Bergoglio como novo Papa, sucessor de Bento XVI à frente da Igreja Católica Apostólica Romana. O nome do escolhido pelos 115 cardeais foi anunciado pelo mais velho dos cardeais-diáconos, o francês Jean-Louis Tauran. Bergoglio escolheu se chamar papa Francisco.

A fumaça branca apareceu por volta das 19h08 locais (15h08 de Brasília), e foi recebida com festa pela multidão que tomava a Praça de São Pedro. Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram.

Em sua primeira bênção, para uma Praça de São Pedro lotada de fiéis apesar da chuva, o argentino afirmou que "parece que seus colegas cardeais foram buscar o papa no fim do mundo", em uma referência à Argentina, sua terra natal.

Em tom sério, ele pediu aos cerca de 1,2 bilhão de católicos do mundo para "empreender um caminho de fraternidade, de amor" e de "evangelização".

Ele também agradeceu ao seu predecessor, o agora papa emérito Bento XVI, em um gesto sem precedentes na Igreja moderna: um papa agradecendo a um sucessor vivo.

"Rezem por mim, e nos veremos em breve", afirmou, acrescentando que, nesta quinta-feira, pretende rezar para Nossa Senhora. "Boa noite a todos e bom descanso", finalizou, na varanda da Basílica de São Pedro, sob aplausos da multidão.

Primeiro ano do pontificado de Francisco

Papa Francisco: o nome como programa para o Pontificado. A escolha de Bergoglio retumbou como uma surpresa, confirmada nos gestos. Uma Igreja mais simples, próxima, peregrina e despojada. A utopia de uma Igreja pobre e dos pobres. Após os pontificados de João Paulo II e Bento XVI, há o prenúncio uma nova "primavera" na Igreja. A sequência do pontificado de Francisco ratificará essa esperança? Estará a Igreja preparada para essa primavera ou continuará a viver no "inverno" eclesial, como aconteceu no tempo de Francisco de Assis? São questões que vão emergindo. A presente análise é uma primeira aproximação.

O papa Francisco, segundo Sérgio Coutinho, presidente do Centro de Estudos em História da Igreja na América Latina (CEHILA-Brasil), “fala de outro tipo de ‘verdade’: a busca pelo bem comum. O egoísmo, o individualismo que não vê o outro, sem solidariedade, sem fraternidade, sem a busca do bem de todos, da dignidade humana, é uma ‘ditadura’ que ‘relativiza’ a ‘natureza comum a todos os seres humanos nesta terra’. Sua crítica estaria na linha de rejeitar o princípio básico do liberalismo político, qual seja, a autonomia privada como o grande bem a ser preservado, na medida em que os indivíduos são capazes de formular suas próprias concepções de vida digna independentemente do Estado. Desta forma, para o liberalismo político, caberia ao aparato burocrático do Estado garantir a realização dos interesses individuais dos cidadãos. Por isso, Francisco critica aquela prática de ‘reivindicar sempre e só os direitos próprios, sem se importar ao mesmo tempo com o bem dos outros’, comportamento típico dos cidadãos nos países mais ricos”. E conclui: “A meu ver, a expressão tem um teor de doutrina social e política, que também busca a ‘verdade’, mas pela prática da justiça e da paz”.

“O sonho de uma Igreja pobre e para os pobres o reconecta [Papa Francisco] ao sonho de uma ‘Igreja de todos e especialmente Igreja dos pobres’, que o papa João XXIII proclamou na sua mensagem de rádio um mês antes do Concílio.

Antonio Cechin, irmão marista e militante social, identifica no jeito simples e pobre de viver de Bergoglio-Francisco, traços do Pacto das Catacumbas, assumido por um grupo de bispos ao final do Concílio Vaticano II. Os signatários do pacto se comprometiam a viver em pobreza, a renunciar a todos os símbolos ou privilégios do poder e a pôr os pobres no centro do seu ministério pastoral. Isso pode ser confirmado pelos diversos gestos de Francisco, já como pontífice (construtor de pontes, como gosta de ressaltar).

O papa Francisco surpreendeu positivamente por sua maneira simples de celebrar. Deixou para trás a pompa e costumes antigos. Uma perfeição em termos de ortodoxia litúrgica. Chega Francisco e tudo muda, desde o primeiro instante, desde o primeiro gesto na sacada, quando vem vestido de branco e não de vermelho, a cor do sumo pontífice. Apresenta-se liturgicamente mais livre, espontâneo, sem se prender excessivamente às rubricas. As celebrações ganham em emotividade e leveza. Aproximam-se das intenções expressas na Constituição conciliar Sacrossanctum Concilium.

“A própria forma da celebração do início do Papa Francisco mostrou, na solenidade de um rito de menos de duas horas, a ‘nobre simplicidade’ de que fala o documento do Vaticano II sobre a reforma da liturgia”. Simplicidade que deu muitas razões de otimismo para muitos católicos que procuram uma Igreja mais humilde. Enfim, uma guinada de 180 graus. E os grandes perdedores parecem ser os movimentos eclesiais mais conservadores, entre os quais já se acendeu, por conta desses gestos e “liberdades” em relação à liturgia, o sinal vermelho. A missa do Lava-pés, na quinta-feira santa, foi o estopim. O motivo: o papa Francisco lavou os pés de duas mulheres. “Escândalo” maior, porque uma delas era muçulmana!

Não há dúvida de que o papa Francisco, com seu jeito simples e até meio envergonhado, tenha conquistado a simpatia de – quase – todos e se tornado popular. Suscitou enormes esperanças e expectativas de mudança na Igreja. Dará ele conta desses desejos? Enfrentará com coragem e determinação as grandes questões internas e externas que requerem uma resposta e uma atitude diferentes? Será esquivo? Como irá se comportar diante das resistências e objeções às suas decisões ou falta de decisões?

Publicações do papa

- Lumen Fidei - A luz da fé, assim se intitula a primeira encíclica do papa Francisco (05-07-2013). Dirigida aos bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas e a todos os fiéis leigos. Esta Encíclica – explica o papa Francisco - já estava "quase completada" por Bento XVI. Àquela "primeira versão" o atual Pontífice acrescentou "ulteriores contribuições". A finalidade do documento é recuperar o carácter de luz que é específico da fé, capaz de iluminar toda a existência humana
Site: http://www.vatican.va/holy_father/francesco/encyclicals/documents/papa-francesco_20130629_enciclica-lumen-fidei_po.pdf

- A exortação apostólica Evangelii gaudium, Alegria do Evangelho (24/11/2013), primeira exortação do papa Francisco fala sobre o anúncio do evangelho no mundo atual. No texto, o papa propõe “algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo”. Ler em: http://www.agencia.ecclesia.pt/

Fonte: IHU

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A CRÔNICA VISUAL DO RIO OITOCENTISTA

A crônica visual do Rio oitocentista

Até 3 de maio, Centro Cultural Correios expõe 120 aquarelas de Debret que ilustram o Rio de Janeiro do século XIX

Barbeiros ambulantes, aquarela, Jean Baptiste Debret, 1826
Os Museus Castro Maya, localizados nos bairros cariocas de Santa Teresa e Alto da Boa Vista, possuem alguns dos mais completos acervos das obras de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), o francês que viveu por 15 anos no Rio de Janeiro – onde fundou uma escola de belas-artes e foi nomeado o pintor oficial da corte. Mas a coleção Castro Maya é pouco vista pelo público: apenas uma fração dos quadros se encontra em exposição regular.

Como parte das comemorações dos 450 anos da fundação da cidade, o Centro Cultural Correios reúne 120 aquarelas de Debret, que produziu algumas das mais icônicas imagens do Rio no século XIX. “Os desenhos e as gravuras eram a única forma de as pessoas conhecerem lugares distantes, e os europeus tinham muita curiosidade por esses locais exóticos do Novo Mundo, como o Brasil”, diz Anna Paola Baptista, curadora da exposição. “Debret é o cronista maior da vida brasileira na primeira metade do século XIX. Ele acompanhou e documentou visualmente o início do Brasil como nação independente, e especialmente o Rio de Janeiro.”

Depois da queda de Napoleão Bonaparte, Debret aceitou o convite de D. João para integrar a missão artística que viria ao Brasil e criar uma escola de belas-artes. A morte do único filho, aos 19 anos de idade, também contribuiu para a decisão de Debret de deixar a França. Instalado no Rio em 1817, retratou o cotidiano e os costumes dos cariocas.

O dia a dia nas praças, mercados e no cais do porto, a negociação de escravos no centro, e a movimentação dos cidadãos nas ruas. Pintou também ocasiões históricas, como a aclamação do Dom João VI, a ascensão de D. Pedro I com a proclamação da independência, em 1822, a chegada de D. Leopoldina e a coroação de D. Pedro II, em 1831. Pouco depois, Debret retornaria à França, onde editaria o livro Viagem histórica e pitoresca ao Brasil, compilando sua visão do país.

A importância do artista, responsável por apresentar o Brasil à Europa, se tornaria crucial também no país que retratou. “Ele se tornou um cronista do nosso passado. Nós passamos a imaginar o Rio do início do século XIX por meio das gravuras de Debret. Seus desenhos ilustram há gerações os livros didáticos de história do Brasil”, completa a curadora.

Serviço

O RIO DE JANEIRO DE DEBRET.

ONDE: Centro Cultural Correios, rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, Rio de Janeiro (RJ). 

QUANDO: De terça-feira a domingo, das 12h às 19h. Até 3 de maio.

QUANTO: Entrada franca.

CONTATO: (21) 2253-1580.

SITE: http://www.correios.com.br/sobre-correios/educacao-e-cultura/centros-e-espacos-culturais-dos-correios/centro-cultural-rio-de-janeiro.

 

terça-feira, 23 de junho de 2015

LEDA GONTIJO PREPARA MOSTRA PARA COMEMORAR 100 ANOS DE VIDA.



Artes plásticas »

Leda Gontijo prepara mostra para 

comemorar 100 anos de vida

Ex-aluna de Guignard, escultora mineira tem obras de destaque à mostra em cidades brasileiras e já foi tema de documentário


Diminuir Fonte Aumentar Fonte Imprimir Corrigir Notícia Enviar 

Ailton Magioli - EM CulturaPublicação:22/06/2015 09:02Atualização:22/06/2015 13:28
Leda Gontijo leva dois meses para concluir suas esculturas em pedra (Fotos: Jair Amaral/EM/D. A PRESS)
Leda Gontijo leva dois meses para concluir suas esculturas em pedra
Aos 100 anos, completados em março, Leda Gontijo é uma verdadeira fonte de energia, sabedoria e sensibilidade, sem dispensar a fina – e necessária – ironia que costuma permear os bons papos. Escultora, ceramista e pintora, ela foi aluna de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) quando o mestre abriu sua famosa escolinha no Parque Municipal, em BH, na década de 1940. Agora, a artista prepara uma retrospectiva para comemorar o centenário, sob curadoria de Paulo Rossi. A Galeria do Minas Tênis Clube 1 será o provável espaço da mostra.

Esculturas da mineira Leda enfeitam vários jardins. No mausoléu da AcademiaBrasileira de Letras, no cemitério carioca de São João Batista, chamam a atenção Santo Agostinho e São Tomás de Aquino em tamanho natural, esculpidos por ela em pedra-sabão. Por obra da neta, Daniela Gontijo, a artista inspirou o documentário 'Leda de arte Leda', selecionado para o Festival do Rio, em 2007, e lançado em DVD pela Som Livre. A partir do depoimento do ilustrador e chargista Ziraldo, o filme mostra de forma leve e divertida a obra e a personalidade incomparável de Leda Selmi Dei Gontijo.

Nascida em 12 de março de 1915, em Juizde Fora, aos 3 anos Leda deixou a Zona da Mata mineira para fazer um “tour” pelo Brasil. O pai, de origem italiana, trabalhava na construção de açudes e estradas de ferro – a família morou em várias cidades do Nordeste e de São Paulo antes de chegar a Belo Horizonte, em 1929. No terreno de 8 mil metros quadrados em Lagoa Santa, onde mora e mantém o ateliê Mi Ranchito, a artista cultiva duas hortas e o pomar com mais de 40 espécies de frutas, entre as quais destaca-se o sapoti, cujo processo de amadurecimento gosta de comparar às mocinhas so século 21. “Você abre a gaveta e aperta pra ver se está maduro”, diverte-se Leda, comentando que as meninas de hoje “ganham apertos de tudo quanto é lado”.

A exemplo da mãe, pintora acadêmica, Leda Gontijo decidiu explorar seus dotes artísticos desde a infância. “Meu sonho era estudar escultura, mas como não havia ninguém que ensinasse a técnica na Belo Horizonte da década de 1940, fui aprender pintura com Guignard. Ele me achava um talento, mas pintura não era o que queria”, revela. O mestre – “encantador, educado e fino” – chegou a morar com os Gontijos na Rua Caraça, no Bairro da Serra, para pintar o teto da casa da família. “Hoje, aquelas pinturas de paisagens mineiras inspiradas no estilo alemão da Baviera, origem da família dele, estão preservadas no salão de recepção do prédio, batizado Alberto da Veiga Guignard”, informa.

Na parede da sala de sua ampla casa, em Lagoa Santa, Leda preserva seu retrato inacabado, feito pelo mestre em 1956. “Guignard tinha mania de começar uma pintura e não terminá-la. Deixava de lado”, recorda, contando que o senador e banqueiro Magalhães Pinto gostava de dizer que ela ficou “com cara de preceptora alemã” naquele quadro.

Leda optou pela escultura e a cerâmica, mas sua obra mantém a influência de Guignard. Especialmente em quadros como o que traz meninos soltando pipa, pintado por ela em Guarapari (ES), onde morou. Superativa, poucos dias antes de viajar para a nova casa de praia da família, em Nova Viçosa (BA), a artista recebeu a reportagem em Lagoa Santa. Falante e simpática, revelou que os médicos se mostram surpresos diante de sua “memória fantástica”, produto da vida saudável que leva. “Remédio, só tomo para pressão, já que a família sempre teve problemas de hipertensão”, revela Leda, que lê sem óculos. Com seis filhos, 25 netos e 24 bisnetos, ela avisa: “Ainda como de tudo e sou louca por sorvete”.

HIP-HOP O lazer da artista, além de ler, é ouvir música – clássica, de preferência. “Beethoven, Chopin e Liszt”, lista, dizendo detestar “a música tá batendo na lata, esse tal de hip-hop”. Mas ela admira os Beatles, “que fizeram canções lindas”. Na TV, só noticiário. Leda não tem paciência para novelas, à exceção das tramas de época. E faz questão de elogiar Pantanal, saga que Benedito Rui Barbosa escreveu para a extinta TV Manchete. “Foi linda”, resume.

Escultora e ceramista autodidata, Leda conta que foi a primeira professora de cerâmica em BH. Atualmente, dedica-se a esculpir peças para decoração. “Estou terminando uma pera para jardim. Quero fazer um minipomar só de esculturas”, diz. Já tem pronta a maçã, que, aliás, enfeita seu próprio pomar. “Quero fazer a carambola e o caju”, anuncia, exibindo frutas exóticas como o mangustão-amarelo, cuja muda trouxe da Índia. Eclética, além das esculturas – uma das últimas é O abraço, a partir de um tronco de madeira de lei –, trabalha com bronze e pedra. “Em pedra costuma demorar dois meses, já em bronze faço em dois dias.”

A ausência de suas peças em espaços públicos de BH é motivo de mágoa. “Em 1969, fiz O astronauta, em fibra de vidro, e doei para a prefeitura. Quebraram a escultura, que sumiu”, lamenta Leda. Quando ouvia perguntas sobre o motivo dessa obra, respondia: “Estava em órbita”. Posteriormente, esculpiu meninos jogando bola na Praça do Papa, peça também destruída.

A artista conta que, em Lagoa Santa, há oito esculturas de São Francisco feitas por ela em marmorite, além de várias peças espalhadas por residências. Leda tem uma legião de amigos por lá. Quando completou 100 anos, ganhou de presente uma colcha de retalhos com bordados criados por cada uma de suas amigas. “Não é linda?”, diz, orgulhosa, ao exibir a peça. Com intensa vida social, ela apoiou a restauração da histórica capela de Nossa Senhora do Rosário, no Centro da cidade.

Em seu ateliê, destacam-se as esculturas em madeira e pedra. Para homenagear Aleijadinho, Leda transformou um tronco de pequi em bela peça – cada anjo barroco representa um dos netos. “Gastei dois meses só pra limpar a terra e o formigueiro na madeira”, revela. A enorme peça, avaliada em R$ 200 mil, segundo ela, levou um ano para ficar pronta. O preço, confessa, varia de acordo com o grau da amizade. O sobrinho, por exemplo, pagou R$ 5 mil por um trabalho. “Não paga nem o material”, revela Leda, toda feliz e sorridente.